Tenotomia do bíceps por artroscopia: quando ela é indicada?
A tenotomia do bíceps por artroscopia é um procedimento cada vez mais utilizado no tratamento de dores e lesões no ombro, especialmente quando há comprometimento do tendão da cabeça longa do bíceps.
Esse tendão, por passar dentro da articulação do ombro, está sujeito a desgaste, inflamações crônicas e lesões associadas ao manguito rotador.
Quando essas alterações provocam dor persistente, limitação de movimentos e impacto na qualidade de vida do paciente, a cirurgia pode ser uma opção eficaz.
Mas afinal, em quais casos ela é realmente indicada?
Neste texto, vamos explicar quando a tenotomia do bíceps por artroscopia é indicada, em quais situações ela é mais eficaz, quais os benefícios esperados e como se dá a recuperação após o procedimento!
O que é a tenotomia do bíceps por artroscopia?
A tenotomia do bíceps por artroscopia é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado para tratar lesões e inflamações no tendão da cabeça longa do bíceps braquial, que é uma das duas porções do tendão que conecta o músculo bíceps ao ombro.
Esse tendão passa por dentro da articulação do ombro e, por isso, está sujeito a sobrecarga e desgaste, especialmente em pessoas com lesões no manguito rotador, tendinites crônicas ou instabilidade do tendão.
Por ser feita por artroscopia, a técnica oferece menor trauma cirúrgico, recuperação mais rápida e menor risco de complicações infecciosas em comparação com cirurgias abertas.
O objetivo é aliviar a dor do paciente, prevenir deslocamentos e instabilidades futuras e impedir a progressão do dano às demais estruturas do ombro.
Como realizamos o procedimento?
Durante a inspeção artroscópica, podemos observar alterações que justificam a necessidade da intervenção.
Diante de achados que indiquem um bíceps degenerado, sobretudo em sua inserção, acompanhado de instabilidade e sobrecarga articular, opta-se pela tenotomia.
Realizamos a tenotomia do bíceps por artroscopia com o paciente sob anestesia, geralmente regional, em centro cirúrgico especializado.
Por meio de pequenas incisões ao redor do ombro, inserimos uma câmera e instrumentos delicados que permitem observar e tratar as estruturas internas da articulação.
Nessa cirurgia, cortamos intencionalmente o tendão e liberamos de sua inserção no osso. Na tenotomia simples, o tendão é apenas cortado, sem costura nem fixação, e deixa de exercer tração sobre a articulação, aliviando a dor.
Em alguns casos, especialmente em pacientes mais jovens ou ativos, pode-se optar pela tenodese, que é a fixação do tendão em outro ponto do osso, utilizando parafusos, âncoras ou suturas, para preservar a função estética e de força do braço.
No nosso blog, temos um artigo completo sobre artroscopia para tratamento de lesão no bíceps, acesse para saber mais!
Em que situações indicamos esse procedimento cirúrgico?
Indicamos a tenotomia do bíceps em situações específicas, especialmente quando o tendão da cabeça longa do bíceps está lesionado, degenerado ou contribui para a dor no ombro.
Confira abaixo os principais casos:
Lesões associadas ao manguito rotador
Em pacientes com lesões extensas do manguito rotador, a tenotomia pode ajudar a aliviar a dor causada pelo envolvimento do tendão do bíceps.
Quer entender melhor a relação entre manguito rotador e bíceps? Confira esse texto em nosso site!
Instabilidade do tendão do bíceps
Quando a polia que estabiliza o tendão está rompida ou comprometida, o tendão se movimenta anormalmente, provocando dor e atrito.
Degeneração avançada do tendão da cabeça longa do bíceps
Comum em pacientes acima dos 50 anos, quando o tendão apresenta sinais de desgaste (inflamação crônica, fibrose, rupturas parciais).
Síndrome do impacto no ombro com envolvimento do bíceps
Quando o tendão do bíceps está comprometido em quadros de impacto subacromial, a tenotomia pode aliviar a dor.
Lesão SLAP A tenotomia com tenodese é frequentemente escolhida no lugar da reparação do lábio superior, pois oferece melhor resultado funcional em alguns perfis de lesão para atletas de alto desempenho principalmente.
Como é o pós-operatório da tenotomia do bíceps?
O pós-operatório da tenotomia do bíceps por artroscopia costuma ser mais simples e rápido em comparação a outros procedimentos do ombro.
Por se tratar de uma técnica minimamente invasiva, a recuperação geralmente é bem tolerada pelos pacientes.
Após a cirurgia, imobilizamos o braço por alguns dias com uma tipoia apenas para conforto, mas a mobilização leve costuma ser iniciada precocemente.
A dor no ombro tende a diminuir logo nas primeiras semanas, uma vez que retiramos a principal fonte de inflamação e irritação da articulação.
A fisioterapia no ombro pode começar já nos primeiros dias com exercícios leves para manter a mobilidade articular e prevenir rigidez no ombro.
Porém, as atividades mais intensas, como exercícios de força ou esportes, liberamos gradualmente, conforme a recuperação evolui.
Em geral, pacientes retornam a atividades leves em 2 a 4 semanas, enquanto esforços mais exigentes são retomados entre 8 a 12 semanas, dependendo do caso.
Tenotomia do bíceps no consultório (sem cirurgia) é possivel?
Para casos selecionados como pessoas de maior idade e que não tenham outras lesões associadas que necessitem de tratamento (como lesão do manguito rotador frequentemente encontrada em conjunto) ou para casos que simplesmente não queremos realizar no centro cirúrgico pelo motivo que for, podemos realizar este procedimento no consultório, apenas com agulhas (de injeção) sem cortes (com auxílio de ultrassonografia) - falaremos mais sobre isso num outro tópico próprio para este assunto em breve.
Tenotomia do bíceps por artroscopia: conte com o especialista em ombro
Optar pela tenotomia do bíceps por artroscopia é uma decisão que deve ser tomada a partir de uma avaliação minuciosa das estruturas do ombro e das reais causas da dor ou limitação funcional.
Portanto, contar com o especialista em cirurgia do ombro faz toda a diferença durante todo o processo, desde o diagnóstico até a recuperação.
O ortopedista especializado em ombro tem o conhecimento e a experiência necessários para identificar se a dor no ombro está realmente relacionada ao tendão da cabeça longa do bíceps ou se existem outras alterações associadas.
Essa avaliação é essencial para indicar o tratamento mais eficaz e evitar abordagens desnecessárias ou incompletas.
Durante o procedimento, também podemos avaliar com precisão o grau de degeneração do tendão, a integridade das demais estruturas articulares e tomar decisões técnicas seguras, o que reduz o risco de complicações.
Além disso, no pós-operatório, o acompanhamento profissional garante uma reabilitação adequada, respeitando o tempo de cicatrização dos tecidos e evitando recidivas ou limitações permanentes.
Assim sendo, se você está sentindo dor persistente no ombro, dificuldade para levantar o braço ou suspeita de lesão no bíceps, agende uma consulta com o especialista.
Estamos aqui para cuidar da sua saúde com segurança, técnica e atenção em cada etapa do tratamento!
Conheça o Dr. Guilherme Noffs
Dr. Guilherme atende em consultório particular como ortopedista de Ombro e Cotovelo e Especialista em Terapias da Dor no Hospital Albert Einstein Perdizes e na Clínica SEBE, Vila Mariana.
Além disso, atua no atendimento de urgências no Hospital Albert Einstein e realiza cirurgias nos Hospitais Sírio-Libanês, São Luiz - Rede D'Or e São Camilo.