Inicialmente, precisamos compreender o que é esta lesão e como ela ocorre.

O ombro possui uma articulação formada pela cabeça do úmero, que é bastante arredondada e se encaixa na glenóide, uma parte da escápula em formato de concha.

A glenóide conta com uma expansão cartilaginosa responsável por aumentar a estabilidade da articulação, que recebe o nome de lábio da glenóide ou “Labrum”.

Assim, a lesão SLAP, também conhecida como lesão labral, ocorre quando há um dano nesta cartilagem da glenóide, o que pode gerar impactos significativos na função da articulação.  

Diversas são as causas da lesão SLAP, por exemplo:

• Cair sobre o braço ou utilizar o braço para impedir uma queda;
• Levantar objetos pesados;
• Levantar pesos acima da linha da cabeça, como nos movimentos do CrossFit, supino inclinado, entre outros;
• Arremessar o braço para frente;
• Praticar esportes nos quais os braços realizam movimentos em alta velocidade por cima da cabeça, como o tênis e outros arremessos.
• Degeneração da cartilagem devido a idade ou pequenos traumas repetitivos.

Ressaltamos que esta cartilagem do ombro é muito importante, uma vez que oferece maior flexibilidade e estabilidade para a articulação.

Dessa maneira, um dano no local pode trazer uma série de incômodos ao paciente, por exemplo:

• Dor no ombro, principalmente ao realizar movimentos acima da cabeça;
• Fraqueza do ombro e no braço;
• Instabilidade nos movimentos;
• Estalo ou rangido ao movimentar a articulação.

Caso você queira ler mais sobre o mecanismo de ocorrência da lesão SLAP, bem como seus sintomas, temos um artigo sobre o assunto e você pode acessar clicando aqui.

Lesão SLAP: tratamento sem cirurgia

Quando o paciente sofre uma lesão SLAP, um dos primeiros passos para definir o tratamento será avaliar qual é a sua demanda do ombro e qual tipo de lesão ocorreu.

Então, para aqueles pacientes que possuem baixa demanda da articulação, por exemplo, que só precisam mexer no computador e fazer atividades que não exijam do ombro, como uma corrida eventualmente, poderemos indicar um tratamento conservador caso não tenha nenhuma parte da cartilagem interposta na articulação (como na lesão em alça de balde, por exemplo).

Para tal, buscaremos implementar uma série de medidas:

• Reeducação postural;
• Uso de medicamentos;
• Compressas;
• Reabilitação e compensação de fraquezas musculares;
• Infiltração articular.

Na maioria dos casos, com uma reabilitação adequada temos resultados muito satisfatórios com controle da dor e recuperação da função adequada para aquele nível de demanda do ombro.

Nestas situações, precisaremos fazer um acompanhamento de longo prazo para avaliar se a lesão evoluiu, mas não costumamos ter uma piora do quadro desde que a demanda por movimentos amplos ou cargas elevadas não exceda o indicado.

Devemos ressaltar que as lesões na cartilagem da glenóide não apresentam boa cicatrização assim como outras cartilagens do corpo que só cicatrizam ou voltam a estar presas ao local original com cirurgia quando desinseridas ou rasgadas (menisco do joelho, asa do nariz e da orelha).

Ou seja, caso façamos o tratamento, mas o paciente retome as mesmas práticas que desencadearam a lesão, possivelmente a cartilagem voltará a apresentar problemas e cada vez maiores.

É por isso que devemos avaliar com cautela qual a demanda ele possui do ombro.

Então, em caso de pacientes que têm alta demanda da articulação, como por exemplo um nadadores, praticantes de CrossFit competitivo, etc, será mais indicado realizar reparo cirúrgico da lesão para obter um resultado superior para desempenho das funções da articulação do ombro. 

Quando é necessária cirurgia, realizamos uma artroscopia, cirurgia minimamente invasiva na qual fazemos pequenos furos na pele por onde inserimos uma câmera e as ferramentas necessárias para fazer os reparos na cartilagem.

Não ficam inseridos pinos ou parafusos metálicos e sim costuras com fios de tecido de alta resistência. Ou seja, realizamos uma reconstrução para tornar a estrutura mais resistente e mais forte que o original.

Após a cirurgia, é essencial se dedicar à reabilitação e o retorno às atividades de alta demanda será gradual. Geralmente, a prática de atividades com cargas como musculação se inicia no segundo mês após a cirurgia e o desempenho competitivo costuma ser alcançado após alguns meses.

O ortopedista responsável pela cirurgia deverá acompanhar de perto o paciente até sua total recuperação.

Na nossa clínica temos profissionais experientes para avaliar quando a lesão SLAP poderá ser tratada sem cirurgia e quando o procedimento cirúrgico será necessário.

Então, não tenha receio de ir ao médico caso sinta dores e incômodos no ombro. Sem dúvidas, indicaremos o tratamento mais adequado para você recuperar sua qualidade de vida e bem-estar!