Muitas são as dúvidas em relação à prática de musculação e a epicondilite lateral.
A musculação é uma das atividades físicas mais recomendadas para manter a saúde, ganhar força e prevenir lesões.
Contudo, quando surge a epicondilite lateral, muitos praticantes ficam em dúvida sobre como seguir treinando sem piorar o quadro.
Essa condição, caracterizada por dor e inflamação nos tendões do cotovelo, costuma estar relacionada a movimentos repetitivos e esforço excessivo, o que pode ocorrer tanto em esportes quanto no levantamento de peso.
Mas afinal, será que é preciso parar completamente de treinar ou existem formas de adaptar os exercícios para continuar evoluindo sem comprometer a recuperação?
Continue lendo para descobrir!
O que é epicondilite lateral e como ela surge?
A epicondilite lateral, também conhecida como cotovelo de tenista, é uma condição que afeta os tendões do antebraço, especialmente os que fazem a extensão do punho e dedos e que fecham a mão para agarrar algo, que se inserem no epicôndilo lateral do úmero (a protuberância óssea na parte externa do cotovelo).
Ela surge, em geral, por uso repetitivo desses músculos e tendões.
Movimentos como agarrar objetos, estender o punho, segurar carga ou puxar barras e puxadores, especialmente se feitos com frequência, intensidade ou técnica inadequadas, vão provocando microlesões nos tendões.
Com o tempo, essas microlesões acumulam-se que geram inflamação e impedem o tendão de cicatrizar. Então, começa a ocorrer uma degeneração do tendão, quando ele não consegue se regenerar completamente entre as sessões de uso repetido.
Além disso, fatores como idade, uso excessivo sem descanso suficiente, sobrecarga, postura ou técnica erradas, além de fraqueza nos músculos estabilizadores, também contribuem para o surgimento da epicondilite lateral.
Por que a musculação pode aumentar o risco de epicondilite lateral e como agir?
Primeiramente, é importante entender a anatomia do nosso corpo e porque a musculação e a epicondilite lateral estão frequentemente relacionadas.
Durante os treinos, usamos constantemente o agarre: pegamos anilhas, halteres, barras e puxadores.
A epicondilite lateral surge pela sobrecarga nos tendões que se inserem na região do cotovelo e participam destes movimentos de preensão (fechar a mão). Esses tendões são especialmente exigidos em pessoas que treinam com alta frequência e intensidade.
Por isso, pessoas que praticam musculação quatro ou cinco vezes por semana com pouco descanso têm uma probabilidade maior de desenvolver a condição.
Assim, para prevenir lesões é importante que, antes de aumentar tanto a intensidade e a frequência dos treinos, o indivíduo prepare o antebraço com exercícios de fortalecimento e alongamento, além de espaçar os grupos musculares trabalhados.
Só depois desse preparo vale intensificar a rotina de treinos.
Epicondilite lateral: será que é preciso parar de treinar?
Na maioria dos casos, não é necessário suspender totalmente a prática de exercícios físicos por causa da epicondilite lateral.
O que deve ser feito é adaptar os treinos para que a lesão não se agrave.
Como essa condição está diretamente relacionada a movimentos de preensão e esforço repetitivo, algumas medidas simples podem ajudar bastante.
O uso de acessórios (como na imagem abaixo), como faixas ou órteses que estabilizam o punho, auxilia na execução correta de exercícios de puxada, diminuindo a tensão sobre os tendões e aliviando a inflamação e a dor.
Garra de aço invertida /Garra de aço/ Puxadores a serem usados no punho
Também é importante revisar os exercícios da rotina, substituindo temporariamente aqueles que exigem força com a mão ou punho.
A correção da técnica deve ser prioridade, já que movimentos mal executados aumentam o risco de sobrecarga e piora dos sintomas.
Pode parecer difícil se adaptar num primeiro momento já que o treino foi a vida toda de outra maneira, mas será uma questão de acostumar-se aos poucos!
Ajustar variáveis como a frequência dos treinos, incluir treinos regenerativos e sessões de alongamento específico num primeiro momento, assim como fortalecimento específico para o antebraço posteriormente fazem toda a diferença.
O descanso adequado é a chave do sucesso neste caso!
Com essas adaptações, o treino não só deixa de ser prejudicial, como pode auxiliar na reabilitação, pois o fortalecimento gradual da musculatura contribui para a melhora da função e da resistência da região afetada.
Como funciona o tratamento conservador?
O tratamento conservador da epicondilite lateral começa pela análise do tipo de lesão presente.
Podemos classificar em dois principais quadros: a forma inflamatória e a degenerativa (com presença de lesão estrutural).
Na epicondilite inflamatória, os tendões da região do cotovelo apresentam inflamação, mas sem danos estruturais.
Neste cenário, o cuidado consiste em suspender ou ajustar atividades que provocam irritação, como movimentos repetitivos no esporte ou no trabalho, além de corrigir a postura e até rever a posição ao dormir, mas como vimos acima, o descanso adequado será o principal fator da solução.
Inclusive, temos um conteúdo específico sobre epicondilite e posição de dormir em nosso blog, confira!
Outra opção de tratamento é a infiltração no cotovelo para epicondilite lateral, que pode auxiliar na redução da inflamação para pacientes de baixa demanda principalmente.
Com algumas semanas de cuidado, o paciente costuma recuperar a qualidade de vida sem dor e pode retornar gradualmente às atividades físicas, desde que com preparo adequado para evitar recaídas.
Já na epicondilite degenerativa, ocorre uma degeneração do tendão, geralmente associada à fibrose, uma cicatriz que impede a plena recuperação da função do tecido.
Nesta situação, o tratamento passa primeiro por um período de controle da inflamação e pausa das atividades que sobrecarregam a região.
Posteriormente, buscamos estimular a cicatrização do tendão de forma funcional.
O tratamento mais eficaz para este tipo de problema é associando medicina regenerativa como o plasma rico em plaquetas (PRP) com ácido hialurônico para acelerar e potencializar a cicatrização, analgesia e recuperação funcional.
O objetivo é que a fibrose, inicialmente prejudicial, seja reorganizada em uma cicatriz mais adaptada, capaz de devolver a função do tendão.
Este processo (de cicatrização do tendão) leva várias semanas e precisa ser acompanhado de uma reabilitação direcionada e estagiada.
Portanto, com recursos mais modernos, como os métodos de medicina regenerativa, é possível acelerar essa recuperação, favorecendo uma cicatrização mais eficaz e permitindo o retorno às práticas esportivas.
Quer conhecer a medicina regenerativa? Acesse esse artigo completo em nosso blog!
Musculação e epicondilite lateral: conte com o especialista
Em praticantes de musculação, a epicondilite lateral pode surgir devido à sobrecarga, movimentos repetitivos ou execução inadequada dos exercícios.
Nesses casos, contar com o acompanhamento do especialista em cotovelo é essencial para que o paciente receba orientações adequadas.
O especialista será responsável por uma avaliação completa, que inclui exame clínico detalhado e, quando necessário, exames de imagem, para identificar a extensão da lesão e o tipo de comprometimento do tendão.
Com base nesse diagnóstico, poderemos indicar o tratamento mais apropriado.
Além disso, orientamos sobre quais exercícios podem ser mantidos, quais devem ser adaptados e quais precisam ser suspensos temporariamente, evitando a progressão da lesão.
Por fim, quando o quadro não responde ao tratamento conservador, indicamos intervenções mais avançadas, como terapias regenerativas ou até a cirurgia para epicondilite lateral, sempre considerando o perfil e os objetivos do paciente.
Dessa forma, se você pratica musculação e está enfrentando sintomas de epicondilite lateral, não ignore os sinais do seu corpo.
Marque uma consulta com o especialista agora mesmo para garantir um diagnóstico preciso e um plano de tratamento completo, que permita a recuperação da função do cotovelo e o retorno seguro aos treinos.
Conheça o Dr. Guilherme Noffs
Dr. Guilherme atende em consultório particular como ortopedista de Ombro e Cotovelo e Especialista em Terapias da Dor no Hospital Albert Einstein Perdizes e na Clínica SEBE, Vila Mariana.
Além disso, atua no atendimento de urgências no Hospital Albert Einstein e realiza cirurgias nos Hospitais Sírio-Libanês, São Luiz - Rede D'Or e São Camilo.















