Um dos questionamentos comuns no consultório do especialista em ombro é: "Por que lesionei o manguito rotador”?
O manguito rotador é um conjunto de músculos e tendões que atuam na estabilização e mobilidade do ombro, uma das articulações mais complexas do corpo humano.
Lesões nessa região são relativamente comuns e podem ocorrer devido a diversos fatores, como movimentos repetitivos, sobrecarga, traumas ou até mesmo processos degenerativos associados ao envelhecimento.
Portanto, entender as causas, os fatores de risco e como essas lesões se desenvolvem é fundamental para prevenir problemas no manguito rotador e buscar tratamentos adequados.
Quais são os tipos de lesão que podem afetar o manguito rotador?
As lesões do manguito rotador são frequentes, especialmente em pessoas que realizam atividades físicas repetitivas ou apresentam degeneração relacionada à idade.
Essas lesões, geralmente, afetam os tendões e podem ser classificadas como roturas transfixantes (ou completas) e roturas parciais.
Roturas transfixantes (ou completas)
A rotura transfixante ocorre quando há um rompimento total do tendão, resultando em uma abertura completa no tecido.
Esse tipo de lesão costuma causar disfunção significativa no ombro, incluindo fraqueza severa e limitação nos movimentos.
A dor geralmente é intensa, especialmente ao realizar atividades que envolvem elevação do braço.
Rotura parcial
Por outro lado, a rotura parcial ocorre quando apenas uma parte da espessura do tendão é lesionada, sem formar uma abertura (furo) completa.
Podemos classificar essas lesões como superficiais, quando afetam somente pequena parte da espessura do tendão, ou profundas, quando comprometem a maior parte da espessura tendínea.
As roturas parciais profundas, em particular, podem se comportar de maneira semelhante às transfixantes, tanto em sintomas quanto na complexidade do tratamento.
Apesar disso, em geral, as roturas parciais tendem a causar dor localizada e podem apresentar menor impacto na mobilidade em comparação com as roturas completas, embora a força do ombro seja frequentemente reduzida.
Ressaltamos que diagnosticar essas lesões precocemente é fundamental para evitar sua progressão e preservar a funcionalidade do ombro.
E, se você quer entender melhor as diferenças entre rotura parcial e rotura transfixante do manguito rotador, acesse esse artigo!
Por que lesionei o manguito rotador?
A lesão do manguito rotador ocorre quando há um rompimento ou rasgo em um dos tendões que compõem o "motor" da articulação do ombro.
O mais frequentemente afetado é o tendão do supraespinhal, que passa pela parte superior do ombro, se insere nessa região e é responsável por levantar o braço.
A dor característica surge ao realizar movimentos como levantar o braço para lavar a cabeça, alcançar algo no banco de trás do carro ou abotoar o sutiã.
Esses movimentos esticam ou contraem o tendão, provocando desconforto.
A lesão do tendão supraespinhal, assim como dos outros tendões do manguito rotador, está frequentemente relacionada à perda de qualidade e quantidade de colágeno no corpo, ou seja envelhecimento musculo-esquelético.
Com o passar dos anos, o sistema musculoesquelético envelhece e os tendões perdem elasticidade e resistência devido à redução do colágeno.
Se retirarmos a água dos tendões, cerca de 70% de sua composição é colágeno e 30% elastina.
Então, com a perda da qualidade desse tecido, ele se torna menos elástico e resistente e isso faz com que traumas pequenos ou até atividades rotineiras possam causar danos estruturais, como rasgos no tendão.
Por isso, algumas pessoas se perguntam: "Sempre nadei ou joguei tênis sem problemas, por que agora desenvolvi essa lesão?"
A resposta está no fato de que o tendão já não possui a mesma resistência de antes.
Além disso, a vascularização da zona crítica do tendão supraespinhal, que é uma área mais fraca, também contribui para o problema.
Muitas vezes, essa região entra em conflito com o osso do acrômio, localizado na lateral do ombro e parte da escápula.
Em algumas pessoas, o formato do acrômio pode ser mais curvo ou lateralizado, aumentando o risco de lesão.
No nosso blog, temos um artigo completo sobre a zona crítica tendão supraespinhal, acesse e saiba mais!
Diante dessas causas de lesões, vale destacar que a saúde articular e o trofismo muscular são fundamentais para proteger as estruturas do manguito rotador, principalmente com o passar do tempo e envelhecimento.
Por isso, é fundamental manter exercícios funcionais focados exclusivamente no fortalecimento dessas estruturas, o que é diferente de fazer treinos para desempenho esportivo ou estética.
Assim, contar com especialistas para te ajudar a preparar programas específicos é um bom passo para garantir a longevidade das articulações.
Como realizamos o tratamento das lesões no Manguito rotador?
Para a maior parte dos nossos pacientes, conseguimos excelentes resultados com tratamento que envolvem a medicina regenerativa (como terapias com plasma rico em plaquetas ou com células tronco) realizado no próprio consultório através de aplicações injetáveis destes produtos biológicos que ajudam a promover a cicatrização do tecido lesionado.
Claro que o tratamento para lesões no manguito rotador varia de acordo com vários fatores, como o tipo, a localização, profundidade e a extensão da lesão, além da presença de outras lesões no ombro e a causa do problema.
Além disso, devemos considerar a idade, o nível de atividade do paciente e suas demandas específicas para a articulação como ocorre, por exemplo, entre atletas e não atletas.
O principal objetivo do tratamento é promover a cicatrização do tendão, aliviar a dor e restaurar a função do ombro.
Para isso, é fundamental avaliarmos possíveis alterações mecânicas associadas à lesão e corrigi-las.
Em casos de lesões parciais de alto grau ou roturas completas, a cirurgia pode ser necessária para reconstruir o tendão e recuperar sua funcionalidade.
Geralmente, realizamos a cirurgia do manguito rotador por artroscopia, uma técnica minimamente invasiva em que pequenas incisões são feitas no ombro para a inserção de uma câmera e instrumentos cirúrgicos.
Além de reparar o tendão lesionado, esse método permite corrigir outras alterações associadas, como tendinites, bursite ou artrose na articulação acromioclavicular.
Lembramos que a escolha do tratamento ideal é altamente individualizada e deverá ser definida após a conclusão do diagnóstico.
Então, se você sente dor ou desconforto no ombro, agende uma consulta com o especialista para um acompanhamento adequado até a recuperação completa!
Conheça o Dr. Guilherme Noffs
Dr. Guilherme atende em consultório particular como ortopedista de Ombro e Cotovelo e Especialista em Terapias da Dor no Hospital Albert Einstein Perdizes e na Clínica SEBE, Vila Mariana.
Além disso, atua no atendimento de urgências no Hospital Albert Einstein e realiza cirurgias nos Hospitais Sírio-Libanês, São Luiz - Rede D'Or e São Camilo.